A
luz do sol ultrapassava as cortinas de seda postas em todas as janelas e
refletia-se em todos os vários espelhos da sala de dança, e o único
barulho que se ouvia ali era de minhas sapatilhas desgastadas quando se
encontravam com o chão de madeira. Meu corpo descontrolado dançava
impulsivamente querendo explorar cada pequeno pedaço de espaço daquela
sala.
O
balé sempre foi a minha paixão, o meu refúgio e até duas semanas atrás
meu único namorado; a dança é a única coisa que faço realmente bem, é
meu único talento, quando danço parece que o mundo inteiro é só meu, não
fico me sentindo a garota calada, sem sal e de pouquíssimos amigos;
costumo dizer que o balé é meu remédio pra tudo. Queria poder dançar
eternamente, poder ter minha carreira no balé, mas é incrível como tudo
na vida tem que ter o seu “porém” e dessa vez o porém era deixar o homem
que mais amei e ir para a Londres desfrutar da bolsa que ganhei na
Royal Academy Of Dance, enquanto Jared vai para a Juilliard, se tornar o
ótimo pianista que ele sempre quis ser. Tudo o que sempre sonhamos
estava a um passo de ser realizado, pra mim seria tão mais fácil se não
tivesse o conhecido, mas o amor quis aparecer logo agora.