A
luz do sol ultrapassava as cortinas de seda postas em todas as janelas e
refletia-se em todos os vários espelhos da sala de dança, e o único
barulho que se ouvia ali era de minhas sapatilhas desgastadas quando se
encontravam com o chão de madeira. Meu corpo descontrolado dançava
impulsivamente querendo explorar cada pequeno pedaço de espaço daquela
sala.
O
balé sempre foi a minha paixão, o meu refúgio e até duas semanas atrás
meu único namorado; a dança é a única coisa que faço realmente bem, é
meu único talento, quando danço parece que o mundo inteiro é só meu, não
fico me sentindo a garota calada, sem sal e de pouquíssimos amigos;
costumo dizer que o balé é meu remédio pra tudo. Queria poder dançar
eternamente, poder ter minha carreira no balé, mas é incrível como tudo
na vida tem que ter o seu “porém” e dessa vez o porém era deixar o homem
que mais amei e ir para a Londres desfrutar da bolsa que ganhei na
Royal Academy Of Dance, enquanto Jared vai para a Juilliard, se tornar o
ótimo pianista que ele sempre quis ser. Tudo o que sempre sonhamos
estava a um passo de ser realizado, pra mim seria tão mais fácil se não
tivesse o conhecido, mas o amor quis aparecer logo agora.
O
cansaço se fez presente e eu caí sentada sobre o chão, olhei a minha
volta e em todos os espelhos era possível ver uma garota de saia rosa e
uma camiseta justa da mesma cor, seu cabelo castanho estava preso em um
coque no auto da cabeça, sua expressão era triste; lágrimas rolaram por
meu rosto assim como se via na bochecha rosada da garota. Cobri meu
rosto com as pequenas palmas de minhas mãos e apoiei os cotovelos em
minha coxa e fiquei ali chorando e pensando em como as coisas são
difíceis na vida.
Em certo momento senti que não estava mais sozinha, mas isso não me importou, apenas continuei em minha bolha de solidão.
-
Não vai conseguir nada estando aí parada. – A voz da senhora Portia
estava perto demais, ergui minha cabeça e a encontrei sentada ao meu
lado.
- Eu não sei o que fazer. – disse entre soluço.
-
querida... - ela colocou suas mãos em meus ombros e me encarou com um
meio sorriso no rosto. - você sempre será uma ótima bailarina, não
importa em que companhia você esteja.
- mas eu sempre sonhei com isso... Eu... Eu não quero ter que desistir de tudo isso agora.
-
Já pensou que você pode ser uma ótima bailarina indo pra Rad? – ela não
esperou resposta. – mas que não esteja tão feliz? Talvez você sempre
pense nele e isso não vai lhe trazer felicidade, porque vai lembrar que
poderia estar com ele, mas fez as escolhas erradas. Você é Jovem, é
preciso arriscar coisas, e vocês podem encontrar uma ótima escola de
música e dança que aceite os dois.
Sorri e ela sorriu de volta.
- Você está de carro? – Perguntou-me ela assim que se levantou.
- não.
- vem – ela estendeu a mão e eu a peguei me pondo de pé. Ela me passou as chaves do carro e sorriu- vai.
Sorri
e a abracei; quando nos separamos ela me deu um pequeno empurrão para
que eu saísse da sala. Corri para o estacionamento sem me importar em
trocar de roupa.
***
Toquei
a campainha e não demorou muito para que a porta fosse aberta. Jared
estava com uma calça moletom e sem camisa, seu cabelo preto estava
molhado.
-Jared!
– Joguei-me em seus braços, em um abraço caloroso, ele passou suas mãos
por minha cintura e ficamos ali daquele jeito por um bom tempo.
Ele me afastou e meu deu um breve selinho e sorriu.
-
Fica comigo. – Eu disse empurrando-o para dentro de seu apartamento e
fechando a porta com um empurrão de pé. – Não vai para Juilliard, nós
podemos encontrar algum lugar que nos aceite, Eu te amo Jared, não me
deixa.
-
Nunca vou te deixar princesa, só quando você me mandar embora. – ele
tinha um sorrisinho torto no rosto que me fez sorrir também.
-
Isso não vai acontecer. - Falei e em seguida estávamos nos beijando,
era um beijo caloroso, cheio de luxúria e paixão. Ele colocou minhas
pernas ao redor de sua cintura me pondo no colo. Seus beijos desceram
por meu pescoço e logo depois senti algo macio embaixo de mim. Ele tinha
me deitado na cama.
- Estou afim de uma festinha. – disse ele com um sorrisinho safado.
-Vem cá. – Pus minhas mãos em sua nuca e puxei-o para o beijar.